Encontrados mortos na última sexta-feira (16) em uma reserva indígena no município de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Sousa, o Paca, chefes da facção criminosa PCC, teriam sido assassinados por seguranças da própria organização. O POVO apurou que o número 1 da facção, em liberdade, e seu comparsa usaram o Ceará a fim de encontrar os familiares por conta da facilidade de circular. O grupo teria deixado a Bolívia, onde Gegê e Paca estavam, em voo fretado direto para o Estado. Além deles, integravam a comitiva esposas e filhos dos dois traficantes.
“As motivações do crime ainda são prematuras, mas tudo indica que foi acerto de contas do próprio PCC. Gegê e Paca foram assassinados por pessoas do ‘partido’ (PCC) que faziam a segurança deles”, afirma uma fonte que acompanha as investigações do caso.
De acordo com a fonte, os chefes da facção passavam férias no Estado. “Usaram o Ceará não por uma questão de interesse geográfico, mas pela facilidade que tiveram em se deslocar. Eles têm filhos pequenos, esposas e a única maneira de encontrar esses filhos, que estão em idade escolar, seria nas férias”, disse ao O POVO.
Aliado de Gegê, Paca teria estado no Ceará em janeiro de 2017, quando, junto com a família, visitou o Beach Park e passeou por praias como Canoa Quebrada. No litoral, teria feito fotografias e postado em redes sociais. Nessa época, ambos já estavam foragidos da Justiça paulista, acusados de duplo homicídio. Gegê foi julgado à revelia e condenado a 47 anos de prisão em fevereiro do ano passado.
“Por terem encontrado essa facilidade ano passado, devem ter resolvido fazer o mesmo itinerário agora e se deslocar para os mesmos locais”, conta a fonte. No Ceará desde dezembro de 2017, Gegê e Paca teriam alugado uma “propriedade que pudesse abrigar todos com conforto”, provavelmente em Aquiraz. O helicóptero que pousou na reserva indígena seria de uso para deslocamento dos próprios traficantes em território cearense.
O POVO apurou, ainda, que os dois amigos de organização criminosa teriam vindo da Bolívia e alugado duas casas em condomínios de luxo que existem tanto em Aquiraz quanto no município vizinho, Eusébio. Nas duas residências, Gegê do Mangue e Paca receberam as famílias e, com documentação falsa, se passaram por turistas comuns na capital cearense e em várias localidades do litoral do Estado.
Na última sexta-feira, segundo um morador do condomínio de Aquiraz ouvido pelo O POVO, um helicóptero da Secretaria da Segurança Pública do Ceará (SSPDS) teria sobrevoado a área. E equipes da Polícia Civil estiveram no local colhendo informações.
Gegê e Paca foram mortos na quinta-feira, 15, e os corpos, sem identificação, encontrados no dia seguinte em um trecho de floresta da área indígena da tribo Jenipapo-Kanindé, em Aquiraz. Como as famílias vinham sendo acompanhadas, a distância, pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) de São Paulo, a Secretaria da Segurança do Ceará foi informada de quem se tratava. Segundo Lincoln Gakiya, promotor que atua no Gaeco de Presidente Venceslau (SP), Gegê do Mangue e Paca estariam no Ceará desde dezembro do ano passado. Investigações apontariam que as famílias dos dois foragidos teriam saído de São Paulo (Gegê) e do Rio de Janeiro (Paca) para se encontrar com eles na Bolívia. De lá, voaram para o Ceará. Os parentes ficaram aqui até a quinta-feira após o Carnaval. Horas antes dos assassinatos, deixaram o Estado. As esposas dos dois chefes do PCC voltaram ontem ao Ceará para levar os corpos em voo fretado que saiu de Sorocaba, em São Paulo. Elas, outras duas mulheres e provavelmente um advogado vieram em um avião da Locaero Locações Aeronáuticas Ltda, em aeronave modelo EMB 11OP1.
Fonte: Jornal O Povo