Após o assassinato do 28° policial no Ceará apenas neste ano, o titular da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Delci Teixeira, afirmou, em entrevista cedida ontem, que os bandidos “não estão caçando policiais” e que a maioria dos crimes têm sido ocasionados por fatores ‘inesperados’.
“Eu não diria, embora algumas pessoas procurem direcionar para isso, que essas mortes sejam motivadas pelo simples fato de serem policiais. Não estão caçando policiais. A Polícia está muito atuante no combate à criminalidade e está se defrontando com essas situações de reação da criminalidade”, argumentou o secretário de Segurança.
Além do delegado da Polícia Civil Audízio Ferreira Santiago, morto na última terça-feira (15) em um assalto no bairro Maraponga, na Capital, outros 27 policiais civis, militares e rodoviários federais foram vítimas da criminalidade em 2016. A SSPDS ainda soma o assassinato de dois agentes penitenciários na estatística, o que elevaria o número para 30. O número é 100% superior aos 15 policiais mortos no ano passado.
Delci Teixeira afirmou que as ocorrências são estudadas individualmente pela Pasta. Dentre os policiais mortos neste ano, apenas oito estavam de serviço, 13 estavam de folga e cinco eram da Reserva ou reformados, segundo os dados da Secretaria.
A quantidade de agentes mortos enquanto estavam de folga, longe das atividades de segurança, em 2016, é quase igual ao número de vítimas do ano passado, o que chama atenção. Para o secretário, esses crimes foram provocados por fatores ‘inesperados’ que provocaram o ‘instinto policial’ das vítimas.
“Em diversas situações, nós temos policiais que estavam de folga. Ele (policial) estava com sua família e acontece o inesperado, um assalto. Obviamente, ele procura defender seus familiares e acaba levando a pior. Em razão da sua formação, instintivamente, ele sai em defesa do cidadão”, explica.
Delci acrescentou que também existe um medo do agente de segurança de ser identificado pelo bandido. “Ele tem essa reação porque todos os profissionais de segurança imaginam, ao ser assaltados, que se ele entregar a arma ou a carteira pode ser reconhecido como policial e acabar sendo assassinado”. Para evitar essas ocorrências, o secretário de Segurança disse que todos os comandos policiais do Estado são orientados a conscientizar os agentes sobre o risco da profissão e sobre as cautelas a ser tomadas para manter a integridade física. Delci Teixeira ainda criticou boatos que circulam nas redes sociais sobre atentados a policiais ou que não aconteceram no Ceará, que acabam in¡ando a corporação.
Um total de 35 pessoas já foram presas por suspeita de participarem das mortes dos agentes de segurança ocorridas neste ano, e 12 foram mortas em confronto com a Polícia, segundo dados da SSPDS, que considera cerca de 70% dos casos solucionados. No ano passado, 21 suspeitos por envolvimento nos assassinatos de policiais foram presos, e um morreu em confronto. A porcentagem de solução dos crimes foi de 78%.
Insegurança
Apesar da queda no número de homicídios no Estado, mês a mês, há mais de um ano, o secretário de Segurança Delci Teixeira reconheceu a sensação de insegurança da população cearense. Para ele, uma das principais causas da insegurança é a impunidade aos criminosos. “Nós não podemos creditar à Justiça esse sensação de insegurança, nem à Polícia. Eu creditaria às leis frouxas que nós temos e que têm que ser mudadas”, opinou Delci.
Outra causa relevante para a sensação de insegurança é o crescimento dos Crimes Violentos Contra o Patrimônio (CVP), ou seja, os roubos, segundo o secretário. Reportagem do Diário do Nordeste publicada em 1º de novembro mostrou que a taxa cresceu 19% em 2016, em comparação a igual período de 2015. Apenas neste ano, já foram mais de 55 mil roubos, considerando apenas as ocorrências até o m do mês de setembro.
O combate aos CVPs será o próximo foco da Pasta. A meta nacional é reduzir o número de roubos em pelo menos 6%, mas Delci revela que o Ceará pretende derrubar a taxa em 9% no ano de 2017. Quanto ao acréscimo registrado no ano corrente, ele a rma que se deu pela subnoti cação e pela confusão de números que ocorria no ano passado.
ACSMCE
Fonte: Diário do Nordeste