A metralhadora Lehky Kulomet ZB, calibre Ponto 30, apreendida pela Delegacia de Repreensão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), no último sábado (3), no bairro Passaré, pode ter sido das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc. Segundo o delegado titular da Especializada, Osmar Berto, uma das possibilidades que estão sendo investigadas é que a arma tenha vindo da Colômbia para o Paraguai, de onde foi enviada para o Brasil, em especial para o Rio de Janeiro. O bando cearense que adquiriu a metralhadora, fabricada na antiga Tchecoslováquia capaz de efetuar 500 disparos por minuto, teria tratado com a facção criminosa Comando Vermelho (CV) para consegui-la.
“Com esse acordo de paz, a guerrilha está se desfazendo dessas armas. Pode ser que esta seja fruto disto”, armou o delegado. A arma é relativamente nova e estava no Ceará há cerca de uma semana. Conforme um servidor da Secretaria de Segurança Pública, que não quis se identificar, ela pode custar de R$ 150 a 200 mil. Também foram apreendidas 72 munições, calibre Ponto 30, que são consideradas caras.
O líder da associação criminosa que estava com a metralhadora, identificado pelo apelido de ‘My Name’, está em um presídio no Complexo Penitenciário de Itaitinga e diz ser aliado ao Comando Vermelho. Teria sido ele que entrou em contato com os criminosos da facção carioca para que a arma, capaz de abater até aeronaves, fosse enviada para o Ceará. Segundo declarou o delegado geral, Andrade Júnior, pessoas ligadas a ‘My Name’ estiveram no Rio de Janeiro “fazendo um estágio para aprender a operar a arma”.
Bancos e carros-fortes
A Draco disse que a metralhadora, provavelmente, seria utilizada em ações contra bancos e carros-fortes. “A finalidade principal desse grupo é angariar armas de grosso calibre da Região Sudeste, para que possam desencadear ações criminosas contra bancos e carros-fortes. Com isto conseguem se capitalizar para investir mais no tráco de drogas. Estas organizações do Sudeste estão cooptando pessoas de Estados que fazem fronteira com o Oceano, porque isto facilita o envio de drogas para outros Países”, armou Osmar Berto.
Conforme o delegado, o bando já estava sendo investigado pela Draco, quando chegou a informação que a arma de alto poder de fogo havia chegado ao Estado. “As investigações prosseguiram, as equipes de campo foram muito diligentes e conseguimos identicar Alexsandra. Ela é o braço forte do grupo que está dentro de um presídio. Trabalhava na logística do recebimento de armas, drogas e na organização das pessoas que estão fora da prisão”.
Conforme antecipou na edição de ontem o Diário do Nordeste, a mulher a quem Osmar Berto se refere é Alexsandra Matias Batista, 21, mais conhecida como ‘Gabi’. Ela é companheira de ‘My Name’ e havia assumido os esquemas de tráco, depois que ele foi capturado. ‘Gabi’ foi presa na companhia de Fredson do Amarante Farias, 39; e Alexandre Gomes de Lima, 18, quando iam fazer uma entrega de 6Kg de maconha, no bairro Pirambu.
“Encontramos a droga no carro em que eles estavam e fomos até a casa dela, onde encontramos mais 10Kg de maconha em uma mala. A metralhadora e as munições estavam em um buraco feito no chão de um dos quartos da residência”, declarou o delegado adjunto da Draco, Adriano Félix.
Em depoimento, a mulher confessou que a arma pertence a ‘My Name’. A Polícia está tentando identificar formalmente o detento para ouvilo. Osmar Berto disse que as investigações continuam para identificar outros integrantes da quadrilha. “Ela disse que recebe ordens de dentro da prisão e representa o ‘My Name’, como se ele estivesse do lado de fora”, declarou.
Fonte: Diário do Nordeste