Alvos de ameaças, a mãe, o padrasto e a companheira de um integrante do Guardiões do Estado (GDE) foram forçados a fugir do Lagamar, onde moravam, para Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza. No último domingo, 28, eles foram retirados de casa e executados nas proximidades da CE-040, no município. O triplo homicídio exemplifica como a violência praticada por facções criminosas extrapola os muros dos presídios e atinge moradores, familiares e comerciantes nas comunidades.
Os crimes de facções têm elevado o número de homicídios. Somente sábado, entre as 18 horas da sexta-feira, 26, e a meia-noite do domingo, 28, foram registrados 38 homicídios na Grande Fortaleza (20 somente na RMF).
O POVO apurou que a família morta no domingo se mudou para Horizonte após a prisão do parente envolvido com a GDE. Três homens chegaram à nova residência da família perguntando pelo rapaz e pedindo uma foto do detento. O grupo vasculhou a casa, encontrou a foto e saiu. Mais tarde, voltou, rendeu a família e levou para um local ermo, onde foram ajoelhados e executados.
As mortes seriam consequência de conflito entre criminosos do João Presinha, aliado da GDE e Primeiro Comando da Capital (PCC), e do rival Bocão, do Comando Vermelho e Família do Norte (FDN). Ambos são detentos que controlam o tráfico de drogas nas comunidades do Lagamar e Cidade de Deus.
Outras comunidades
Ontem, Ailton da Silva Gomes, 25, e Fabiano de Souza Cariolando, 17, foram mortos na comunidade do Gereba, que fica próxima à rampa do Jangurussu. A execução deles foi filmada e divulgada nas redes sociais. O crime foi presenciado pela esposa de Ailton, pelo filho de quatro anos e pela sogra. As vítimas seriam integrantes do PCC.
No dia 23 de maio, Francisca Jocélia Ferreira da Silva, 31, e José Edson Nascimento, 28, foram mortos, na Barra do Ceará, na rua Padre Guilhermino com Travessa Osmar Cardoso. O POVO apurou que o casal era proprietário de um pequeno comércio, que funcionava na Vila do Mar. Próximo ao local, havia ponto de tráfico de drogas. Fonte ouvida pelo O POVO conta que o casal teria sido alvo de ameaças, pois criminosos suspeitavam que marido e mulher fossem informantes da Polícia. Os dois até se mudaram e abriram uma pizzaria, mas, no dia 23, uma dupla invadiu o estabelecimento e os executou.
No dia 21 deste mês, o corpo do proprietário de uma vila de casas foi encontrado carbonizado na rua 42, próximo à rampa do Jangurussu. Os autores do crime estariam expulsando os inquilinos da vila de casas, após a execução do homem.
No começo de maio, um morador do bairro Cidade Nova foi morto porque pediu que os criminosos evitassem andar com armas em punho, pois poderiam ferir crianças que brincavam na rua.
Fonte: O Povo