A polêmica sobre a abordagem de policiais militares a familiares do ex-senador e atual secretário da Ciência e Tecnologia do Ceará, Inácio Arruda (PCdoB), em local de votação no 1º turno das eleições em Fortaleza, no último domingo (2), teve novo capítulo. Nesta terça-feira (4), três associações de policiais militares e bombeiros lançaram nota de repúdio a atitude dos familiares, que teriam, na visão dos PMs que participaram da ocorrência,desobedecido uma ordem de agentes da lei.
De acordo com a nota, assinada pela Associação dos Cabos e Soldados Militares do Estado do Ceará (ACS), Associação dos Profissionais da Segurança (APS) e Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará (Assof), os policiais estavam “cumprindo seu papel”, investigando uma denúncia de que estaria havendo crime de “boca de urna” no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), no Bairro Benfica.
“A associações repudiam as matérias veiculadas nos últimos dias, em desfavor dos policiais militares que atuaram na Operação Eleições 2016. Após uma denúncia anônima que foi repassada aos policiais, de que estaria havendo ‘boca de urna’ no referido instituto, os mesmos se dirigiram ao local, ocasião em que procederam a abordagem a três mulheres que tinham as características da referida denúncia”, informa o texto.
A nota destacou que houve por parte das mulheres envolvidas no caso, familiares do secretário, umaincitação no sentido de atrapalhar a ocorrência policial.
“Isso ocasionou um aglomerado de pessoas que invadiram o perímetro da abordagem. O pai de uma das mulheres abordadas adentrou ao espaço da ocorrência, fazendo uso de força para retirar sua filha e a bolsa que continha o material do flagrante: santinhos de dois candidatos a vereador do município de Fortaleza e um postulante a prefeito”, diz a nota. (Veja a íntegra ao fim desta matéria)
Vídeo da ocorrência
Além da nota de repúdio, a associação divulgou um vídeo gravado por um dos militares envolvidos na ocorrência. Nas imagens, é possível ver o início da confusão. Ao atenderem a ocorrência, a filha de Inácio Arruda senta em cima de sua bolsa e se nega a entregá-la aos policiais.
Áudio
Um áudio que vazou na internet mostra o diálogo entre Inácio Arruda e um policial na hora da confusão. O secretário acusa os PMs de tentarem levar a força sua filha, “levar na marra”. O PM rebate dizendo que já vinha conversando com a moça faz tempo.
A partir daí o diálogo mostra os ânimos mais alterados: “A bolsa da minha filha, sei lá se está sendo roubada”, diz Inácio. “Roubada? O senhor tá me chamando de ladrão”, rebate o policial. “Eu sei lá se está sendo roubada”, aponta novamente o secretário. “Peraí. O senhor tá me chamando de ladrão?”, indaga o PM. “A bolsa é tomada, eu tou atrás”, responde Inácio. “Peraí. O Senhor tá me chamando de ladrão?”, rebate novamente o policial. O áudio termina com a fala de Inácio, mas não contém o diálogo inteiro que aconteceu no dia.
O que diz a lei
O Tribuna do Ceará entrou em contato com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para saber quais são as orientações repassadas aos agentes em ocorrências eleitorais. Segundo a assessoria de imprensa, as orientações restringem-se à legislação: o que pode e o que não pode ser feito por eleitores no dia das eleições.
Em relação à abordagem dos agentes, caberia a Polícia Militar esclarecer. A assessoria da PM não respondeu ao contato, até a publicação desta matéria, sobre as orientações quanto a abordagens policiais.
O advogado Valmir Pontes explicou ao Tribuna do Ceará que, caso haja suspeita de um aparente gesto de boca de urna, deve-se chamar a força policial para verificar o acontecimento. Caso o policial flagre o material, deve ser realizada a apreensão dos objetos.
Fonte: Tribuna do Ceará