A necessidade de cooperação entre os serviços de inteligência para o combate às ameaças ao País foi o debate que norteou o último dia de programação do seminário “os desafios da inteligência estratégia no século XXI”, realizado na sexta-feira (29), em Fortaleza.
Promovido pela Associação dos Diplomas da Escola Superior de Guerra do Brasil (Adesg-Ce), o evento reuniu representantes governamentais, acadêmicos, membros das forças armadas para discutir a relevância da inteligência estratégica, ou seja, o processo de geração e análise de dados, para tomadas de decisões do poder público.
No sábado (30), último dia de atividades, o seminário levantou debates sobre as principais ameaças à segurança nacional, como o crime organizado, a violência urbana, os ciberataques e até mesmo o terrorismo.
Segundo o Coronel José Ananias Duarte Frota, presidente da Adeseg e um dos organizadores do evento, nesse contexto, a inteligência funciona como importante instrumento de planejamento de ações. “Nesses momentos, precisamos ter um sistema de inteligência não só das forças de governo, mas também da sociedade, através de empresas não-governamentais. A partir daí, poderemos montar sistema interagente”, afirma.
Palestrante do evento, Francisco Carlos Teixeira, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) destacou que a utilização do serviço de inteligência é ferramenta fundamental para ajudar no controle ou na mitigação de problemas de segurança que preocupam o país, desde que haja integração entre diferentes órgãos envolvidos. Ele cita o exemplo do combate ao narcotráfico.
“Não podemos acreditar que os elementos que estão vendendo drogas em nichos são os que organizam todo o processo de compra de drogas e armas. O controle desse fluxo e do fluxo de lavagem de dinheiro tem que ser feito com inteligência da Receita Federal, da Polícia, das Forças Armadas. É um elemento estratégico de combate ao crime organizado. Não adianta ficar só na repressão na ponta porque ele não vai ser decisivo”, diz.
No entanto o professor ressalta que ainda há falhas nesse processo de articulação. “É tudo muito desarticulado. Muitos órgãos que deveriam estar juntos, criando um gabinete de crise, estão competindo entre si, batendo cabeças. Esse evento quer mostrar justamente a necessidade de cooperação e ação sistêmica no combate às ameaças” observa.
Fonte: diário do nordeste