O ano muda, mas a violência permanece. Um levantamento realizado pelo Tribuna do Ceará, com base nas estatísticas de crimes violentos letais e intencionais (CVLI) do Ceará da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), mostrou que a média de homicídios dos 10 primeiros dias de 2017 é a terceira maior dos últimos dez anos do Ceará, perdendo apenas para os anos de 2013 e 2014.
O levantamento apontou que a média de mortes nos 10 primeiros dias de 2017 é de 11,3 mortes por dia, somente inferior aos anos de 2013, com 12,2, e 2014, com 12,1.
Até o último dia 10 de janeiro deste ano, 113 assassinatos foram contabilizados em todo o Ceará. Desse total, cerca de 30 homicídios foram registrados na capital, o que representa 26,5% dos crimes ocasionados.
Segundo o pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ricardo Moura, de 2007 para cá, o Ceará melhorou apenas em dois dados que interfere diretamente na segurança pública: a desigualdade social e a geração de renda . “Contudo, quando pegamos os dados de combate ao tráfico de drogas, tráfico de armas e na taxa de população carcerária, o efeito foi o contrário”, destaca.
“Há outro fator que é a questão da dinâmica da criminalidade, ou seja, a criminalidade está migrando dos grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo, para o Nordeste. E o Ceará está inserido nessa tendência de crimes”, explicou.
Além do tráfico de drogas, um dos principais fatores que influenciam a violência no Ceará, o tráfico de armas no estado tem dado uma grande contribuição para esse aumento. “Por algum tempo se creditou os homicídios do estado ao tráfico de drogas, mas embora isso tenha uma relação muito forte, o instrumento de violência maior são as armas de fogo. Hoje, qualquer indivíduo tem acesso, mesmo sendo proibido a sua comercialização. De forma geral muitos conflitos interpessoais são resolvidos pela violência e o acesso mais fácil às armas faz com que isso se agrave bastante”, constata o especialista.
Apesar da redução da violência nos últimos dois anos, a necessidade de diminuir ainda mais é reconhecida pelo governo. Em entrevista coletiva no último dia 5 de janeiro, quando foi anunciado o balanço anual de crimes de 2016, o governador Camilo Santana (PT) declarou que é preciso melhorar os índices. “A violência reduziu devido ao investimento que fizemos no interior do Estado. Conseguimos aumentar o número de policiais e, consequentemente, diminuir os crimes. Mas ainda temos muito o que melhorar”, disse.
Média de mortes por dia no Ceará nos últimos 10 anos
2007 – 1.936 – média: 5,3
2008 – 2.031 – média: 5,5
2009 – 2.168 – média: 5,9
2010 – 2.692 – média: 7,7
2011 – 2.788 – média: 7,6
2012 – 3.565 – média: 9,7
2013 – 4.462 – média: 12,2
2014 – 4.439 – média: 12,1
2015 – 4.019 – média: 11,0
2016 – 3.407 – média: 9,3
2017 – 113 – média: 11,3 (Até o dia 10 de janeiro)
Fonte: Tribuna do Ceará